quarta-feira, 22 de junho de 2011

Junho Onírico

Na ida:

As malas cheias de couro, xadrez e vaidade.
Os carros cheios de malas, gente e vontade.
As ruas cheias de carros, pressa e quimera.

Na volta:

As gentes cheias de falta, talvez de saudade.
As pressas cheias de ócio, fumaça e cidade.
Os sonhos cheios de pólvora, poesia e espera.

De volta:

As ruas, os carros, as gentes, as pressas...
O mesmo.
Já chega de sonho.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Retorno

Acabou o tempo,
                     a sorte
                        e a arte

Mas eis que de repente
a luz chega e cega o fim 
e surge o recomeço.
Do nada.

Resiliente.


sábado, 18 de junho de 2011

Era você que estava mundialmente conectado

Era você que estava mundialmente conectado

Antes deste mundo onipresente, os amigos tinham o direito de perder o contato e contar que não mais se continham em mesmos espaços, e assim, se perdiam pelos caminhos.

Mas hoje, quando nos encontramos ao vivo, não temos por que dizer que foi a distância: sabemos de todos diariamente, e simplesmente selecionamos quem vamos curtir ou seguir.

Que distância é essa que não é mais real, dentro da proximidade virtual cotidiana?

Vivo mais ao lado do mundo do que de quem já me viveu fisicamente...

Saudade do tempo do toque...

terça-feira, 14 de junho de 2011

Impera-atriz meretrícia

Se o poeta é um fingidor,
a poetisa finge-dor
mais completamente,
mentindo que não a sente.

Cigana oblíqua,
ri ao Impera-dor,
sentindo que não a mente.

De amor tece seu canto
que amortece seu pranto.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Ressaca do dia 12 e promessa do dia 13

Ontem, Santo Antônio,
confesso: olhei pra trás
e, graças a Deus,
tudo aquilo foi a Hades!

Que eu siga assim
só e pra mim
e fim!

Será?

Olha, que vos afogo
em tortura pagã 
se não ganho meu afago
noutra sua data vã!

Hum!



quinta-feira, 9 de junho de 2011

São Valentim

Ele chega,
canta,
liga,
cutuca.

E falta.

E eu, só,
vendo o sol ir embora
ver-me-lho.

E o ver-de cá
será?
(tadinho...)

Amar-ele este sorriso, amarele, viu?
resigna, digna, sozinha...

Digo agora que é só data
anual, capital, coisa e tal

Neste dia
vil?

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Sommelier

“Não era mais uma menina com um livro
Era uma mulher com o seu amante”
Ele saboreia letras sinestésico
em cada canto da minha língua
Musa dionisíaco
em que eu – lírica – bebo,
essa sua antiga fonte.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Para-digná-tica

Hey, guardiã da profecia,
simplismo é cruel e burro


É fácil professar o fim dos tempos,
generalizar o gênero:
Ele com ela
necessariamente nesta ordem

Olha o mundo, professora,
nem tudo é perversão

Não.
O errado não vai certo:
o errôneo e vil chamado
esse assim só foi tachado
porque não se viu de perto