domingo, 15 de janeiro de 2012

Jamais queira ser amante de um poeta

Jamais queira ser amante de um poeta!
Você pode até ser
sua musa inspiradora:
distante,
difícil,
dispersa...
Mas não... não realize seu sonho.
Os de-lírios do poeta precisam viver apenas
em seu mundo de-lírico,
onde a musa é perfeita,
e reina o amor.
O amor mais puro e delicado que pode existir: ideal.

Se a pobre musa inspiradora se permite
ser gente para o poeta,
viver ao seu lado e tentar
 – pretensiosa –
fazê-lo feliz,
só alcançará o contrário.

O poeta só é grande se sofrer.
E sofre muito mais
acompanhado do que só,
porque o seu alvo
jamais conseguirá atender
ao que ele romantiza.

O poeta ama mais o amor
do que a pessoa amada,
sem disso se dar conta.
Ele toca o lirismo tatilmente...
convive amando essa metalinguagem.
E a pobre musa, viva,
erra a todo instante
errante,
crucificada pelo que chamo de
esquizofrenia poética.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Ingenuidade

Para minha linda irmã, Grasy

Que haja sempre lugar para ingenuidade no mundo

Por que o ingênuo precisa ser sempre visto como fraco?
Por que parece tão suscetível e incapaz?
Não. O mundo não vê a força que tem quem é ingênuo.
Ele é mesmo um forte. Além da indubitável felicidade que carrega.
Feliz, sorri com a coragem de ter esperança. Ele crê.
E crendo, meu Deus, tem muitas chances, sim, de estar certo!
Ele pode estar certo por não generalizar crueldades ou malícias.
Elas existem no mundo, mas não o dominam.

São muitos os alarmes que se fazem aos quatro cantos,
bradando que viver é muito perigoso...
E há também muitas provas disso.
O ingênuo, não duvide, já foi machucado,
já caiu em golpes,
traído, muitas vezes...

Ele simplesmente
(sabiamente),
só não quer ser injusto
contra quem, como ele,
algum dia,
tiver boa vontade.

Quem o julga
e diz reconhecer os malfeitores
vê em si
astúcia...
Mas não reconhece que sua
esperteza
só serve de escudo, covarde que é.

Sem perceber
que só vemos no outro
aquilo que em nós
vive.