quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Sina

Quando te vi,
vi um anjo doce,
desses que filosofam
que disse:
vem, moça,
ser livre comigo.

Ao que me constava,
ser com era não mais ser.

Mas não:
Angelicamente soube
da singela
liberdade de amor
(“Um pássaro só é seu
se assim o escolhe”)

E é assim que me despeço,
me despido da persona,
me permito que me veja,
e permeie o que meu seja.

É assim que não te peço,
te concedo sem ser dona,
teu querer que simplesmente
meigamente me deseja.

Nas palavras que escrevo,
Ouso pôr o que não digo:
Ser mulher e ser menina,
sendo sua, cumpro a sina.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Polifônico

Um pai que se faz mestre
orna com honra a sua sina.

Um mestre que se faz pai
torna destino o que ensina.

Muda caminhos,
une pessoas,
ideias
e vai.

Se os filhos se criam para o mundo,
a maior lição que aprendem
é continuar.

Ontem descobri
que, além de tudo que herdei de você,
tenho também
um irmão.

Criados juntos,
sob os mesmos ensinamentos
de um pai que só nós conhecemos,
lembramos, choramos, sorrimos e, enfim,
sonhamos.

Sonhamos com um mundo
em que o amor não precise se esconder
para não ser visto com ódio;
onde a dignidade e a altivez
não sejam simploriamente confundias
com arrogância;
um mundo que (sabemos)
é nossa missão lutar para construir.

Fraternos, herdeiros,
sigamos em frente:
há muitas pontes a construir,
línguas a traduzir,
vozes a ouvir.

Quem dera, um dia,
poder tornar o mundo
polifônico.

Em memória,
em seu nome,
faremos.