Você pode até ser
sua musa inspiradora:
distante,
difícil,
dispersa...
Mas não... não realize seu sonho.
Os de-lírios do poeta precisam viver apenas
em seu mundo de-lírico,
onde a musa é perfeita,
e reina o amor.
O amor mais puro e delicado que pode existir: ideal.
Se a pobre musa inspiradora se permite
ser gente para o poeta,
viver ao seu lado e tentar
– pretensiosa –
fazê-lo feliz,
só alcançará o contrário.
O poeta só é grande se sofrer.
E sofre muito mais
acompanhado do que só,
porque o seu alvo
jamais conseguirá atender
ao que ele romantiza.
O poeta ama mais o amor
do que a pessoa amada,
sem disso se dar conta.
Ele toca o lirismo tatilmente...
convive amando essa metalinguagem.
E a pobre musa, viva,
erra a todo instante
errante,
crucificada pelo que chamo de
esquizofrenia poética.
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