Quando te vi,
vi um anjo doce,
desses que filosofam
que disse:
vem, moça,
ser livre comigo.
Ao que me constava,
ser com era não mais ser.
Mas não:
Angelicamente soube
da singela
liberdade de amor
(“Um pássaro só é seu
se assim o escolhe”)
E é assim que me despeço,
me despido da persona,
me permito que me veja,
e permeie o que meu seja.
É assim que não te peço,
te concedo sem ser dona,
teu querer que simplesmente
meigamente me deseja.
Nas palavras que escrevo,
Ouso pôr o que não digo:
Ser mulher e ser menina,
sendo sua, cumpro a sina.