quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Sina

Quando te vi,
vi um anjo doce,
desses que filosofam
que disse:
vem, moça,
ser livre comigo.

Ao que me constava,
ser com era não mais ser.

Mas não:
Angelicamente soube
da singela
liberdade de amor
(“Um pássaro só é seu
se assim o escolhe”)

E é assim que me despeço,
me despido da persona,
me permito que me veja,
e permeie o que meu seja.

É assim que não te peço,
te concedo sem ser dona,
teu querer que simplesmente
meigamente me deseja.

Nas palavras que escrevo,
Ouso pôr o que não digo:
Ser mulher e ser menina,
sendo sua, cumpro a sina.

2 comentários:

Eduardo Pelosi disse...

Um dia ainda aprendo a escrever assim!

Diana Motta disse...

Assim é o amor: passamos a vida sabendo nos controlar até que chega um momento em que não somos mais donos de nós mesmos, descobrimos que o nosso coração não pode ser mais chamado de nosso. Há uma troca de corações, onde cada um promete cuidar bem do coração do outro. A vida não tem nenhuma graça sem o amor. O amor é a cereja do sorvete que é a vida.