sábado, 30 de abril de 2011

Nazuk

Quando Alice entra na toca do coelho, sente primeiramente uma recordação de acolhedoras antigas de ninar. Consegue inclusive ver de perto, ela bem pequena, as grandes mãos do piano que sua mãe lhe tocava nas noites quentes em que o sono vinha contra sua vontade.Já envolvida na penumbra do lugar, Alice percebe o clima favorável à dança. Sente o cheiro dos charutos soprados em pubs irlandeses escuros, em que uma jovem, embriagada pelo som, dança suavemente, sensualizada pelo batom vermelho: atraente e perigoso. Alice vê aquilo e sente que já não pode mais suportar  a vontade de adentrar aquele lugar, mesmo tomada pelo medo.Está caminhando pela selva escura e úmida. Só há a névoa azul-escura que a envolve e seduz. Do céu, ouve um apelo que a chama e alerta. Não consegue dizer não. É levada pelo canto da sereia que não a engana. Sabe que há o incerto, mas não consegue e segue. Sem cabeça (arte da rainha), Alice vai em busca do desconhecido, mergulha nas águas quentes e escuras de um mar sem chão.

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